Índice de intenção de consumo das famílias registra terceira alta consecutiva em outubro
O índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), da Fecomércio-BA, registrou alta de 6,4% em outubro, a terceira seguida, e ficou nos 67,8 pontos. Houve uma evolução de 11,4% desde a baixa registrada em julho, com 60,8 pontos, porém, o patamar atual ainda está 35% abaixo do nível do período pré-pandemia.
Pelo segundo mês seguido todos os sete itens analisados pela pesquisa apontaram crescimento em relação a setembro. A maior variação foi do Momento para Duráveis, de 9,2%, ao atingir os 29,6 pontos. “Mesmo com a melhora nos últimos meses, este é o item com a pior avaliação do ICF, considerado de extremo pessimismo. Em termos percentuais significa dizer que 84% dos entrevistados disseram que é um mau momento para compra de produtos como geladeira, fogão, televisor etc”, explica Guilherme Dietze, consultor econômico da Fecomércio-BA.
Para o economista, “pode parecer esquisito pensar que os soteropolitanos consideram este um momento inadequado para compras de bens duráveis, ao mesmo tempo em que as vendas de eletroeletrônicos subiram 74% em agosto na comparação anual”. Segundo Dietze, a questão é que o setor está sendo beneficiado pelo auxílio emergencial que deve terminar em dezembro. Ou seja, é a oportunidade de gastar esses recursos para readequar os equipamentos nos domicílios. “Tanto que o item Renda Atual subiu 5,3% em outubro e atinge os 74,5 pontos, uma melhora no sentimento no nível de renda das famílias”, pontua.
O item Acesso a Crédito apontou alta mensal de 5,5%, sendo o item com melhor avaliação no mês com 93,4 pontos. De acordo com a análise do economista, isso quer dizer que gradativamente as famílias estão achando menos difícil a obtenção de empréstimos para compras a prazo.
“Se o crédito fica mais facilitado na ponta, quer dizer que os bancos olham para esse consumidor com menos restrição”, descreve. Os dados oficiais de emprego apontam nesta direção com a melhora gradativa no mercado de trabalho e como consequência gera mais segurança às famílias. Os itens Emprego Atual e Perspectiva Profissional subiram 4,9% e 7,4%, respectivamente. A pontuação ficou bem próxima, de 74,4 pontos para o primeiro e 78,3 pontos para o segundo.
O item Nível de Consumo Atual subiu 6% e atinge os 58,4 pontos. Já o item Perspectiva Profissional cresceu 8,7% e bateu nos 65,8 pontos em outubro. “Ainda se encontram num patamar elevado de insatisfação, mas aos poucos vão melhorando a avaliação geral e a consequência pode ser vista no aumento das vendas”, avalia Dietze.
Quando analisado por faixa de renda, o ICF mostra uma forte discrepância. Enquanto o índice de intenção de consumo do grupo que ganha até 10 salários mínimos ficou em 65,1 pontos, aumento mensal de 6,3%, o índice das famílias com renda superior a 10 SM está em 96,1 pontos, numa alta de 6,7% em relação a setembro.
Ainda de acordo com Dietze, o desempenho desta forma era de se esperar, “pois são os que ganham menos que mais sofrem para manter o consumo diante de uma inflação de alimentos em torno de 10%, têm dificuldades de realocação no mercado de trabalho e de ter uma poupança razoável para se proteger nestes momentos desafiadores”.
A Fecomércio-BA orienta os empresário a acompanhar a evolução dos dados para tomar a melhor decisão em relação a preços e estoque, principalmente para o Natal, pois o cenário ainda está muito turbulento.