MILHO É CENTRO DAS ATENÇÕES NOS COMEMORATIVOS DO ANIVERSÁRIO DO MUSEU DA GASTRONOMIA BAIANA DO SENAC
Milho: o cereal das Américas foi a temática escolhida para celebrar o 8º aniversário do Museu da Gastronomia Baiana (MGBA) do Senac Bahia, no Pelourinho. A comemoração se deu em duas etapas: primeiro com o VIII Seminário do MGBA, no dia 19 de agosto; e depois com o Jantar no Museu, no dia 21, que harmonizou pratos típicos de diferentes países, à base de milho, com bebidas, numa verdadeira celebração gourmet.
Chefs de cozinha, nutricionistas, estudantes e interessados em gastronomia e cultura participaram do seminário, que já é uma tradição do calendário anual do Senac. Na abertura, a superintendente do Senac, Liana Brandão, lembrou que 2014 é o Ano Internacional da Agricultura Familiar e o milho é um grande símbolo dessa atividade agrícola no Brasil e no mundo. O curador do evento, o antropólogo Raul Lody, destacou que a Bahia é um dos principais estados produtores: “O oeste baiano, onde estão os municípios de Luís Eduardo Magalhães, Correntina e Formoso do Rio Negro, é a principal zona produtora. A produção anual chega a 3 milhões de toneladas”, disse Lody.
As discussões envolveram diversos aspectos do cereal tão presente nas mesas das Américas, como o milho transgênico, que tanto divide opiniões; as novas tecnologias de produção, questões culturais e religiosas e, é claro, o valor nutricional e as receitas de cada país. A nutricionista Lilian Lessa frisou que o milho não contém glúten, sendo, portanto, um alimento ideal aos celíacos, que são as pessoas alérgicas a alimentos com glúten.
No momento degustativo, o público provou quitutes como o acaçá, um alimento da liturgia do candomblé feito de milho branco. O valor religioso do cereal também está presente no Peru, onde os ancestrais incas enterravam os seus mortos junto com espigas de milho e batatas. “No Peru, país com mais de 200 variedades de milho, ele é um prato básico utilizado em bebidas e no tradicional ceviche”, disse a chef peruana radicada na Bahia, Augusta Barnuevo. Já no México, é a matéria-prima da tortilla, que é o ‘feijão com arroz’ do mexicano. Chef do restaurante El Caballito, Caco Marinho, falou do prato, desprezado pelas famílias de classe alta mexicana, mas que caiu no gosto dos norte-americanos e também dos brasileiros.
JANTAR NO MUSEU – Fechando com chave de ouro a programação, o Jantar no Museu encantou pelo paladar e também pela decoração, que usou e abusou do milho com originalidade. Cem pessoas degustaram o menu preparado por quatro chefs representantes de diferentes culinárias: Augusta Barnuevo (Peru), Caco Marinho (México), Elmo Alves e equipe Senac (Brasil) e Cristian Gonzalez (Chile). A viagem gastronômica começou com um ceviche à tradicional moda peruana, seguido por tortillas crocantes para serem comidas com as mãos como fazem os mexicanos. O prato principal foi nhoque de milho com suco da rabada, e a sobremesa chilena, Humita Dulce, uniu influências diversas. Entre as bebidas, o licor de milho, servido de aperitivo, e a peruana chicha morada roubaram a cena, ganhando elogios dos comensais.