FEDERAÇÃO DO COMÉRCIO DE BENS, SERVIÇOS E TURISMO DO ESTADO DA BAHIA

Notícias

Pesquisa da Fecomércio-BA mostra que intenção de consumo das famílias em Salvador é o menor desde 2010

Comércio
15 de maio de 2021

Desde o início da pandemia, a queda acumulada é de 38% e o impacto é mais severo sobre as famílias com renda mais baixa

 

Em junho, o índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF) de Salvador, da Fecomércio-BA, despencou pelo segundo mês seguido e registrou o menor patamar da série histórica, iniciada em 2020, com 64,7 pontos, queda de 24,1% em relação a maio. Na comparação com abril, quando o índice começou a recuar, o ICF caiu 38%. As pontuações mostram o menor grau desde 2010.

Na segunda quinzena de junho, a Federação já havia divulgado os dados – negativos – de endividamento e inadimplência. Todas as quedas foram provocadas pelos graves efeitos da pandemia na economia de Salvador.

Guilherme Dietze, consultor econômico da Fecomércio-BA, afirma que os sete itens avaliados pelo ICF mostraram forte queda no mês, com destaque para o item Momento para Duráveis que retraiu 53,3%, ao passar de 47,8 pontos em maio para os atuais 22,3 pontos. 87% dos entrevistados consideram este um mau momento para compras de produtos como geladeira, fogão, televisor etc.

“Evidentemente, são produtos que demandam compras financiadas, segurança no emprego e na renda. O quadro atual é o contrário, de crédito escasso e muito medo das demissões”, pontua o economista. Os dois itens relacionados ao emprego (Emprego Atual e Perspectiva Profissional) registraram queda respectiva de 24,1% e 20,9%. “Ambas as pontuações, 81 pontos para o primeiro e 71,3 pontos para o segundo, mostram o grau recorde, desde 2010, de insegurança e falta de perspectivas de melhora no mercado de trabalho”, demonstra Dietze.

Guilherme Dietze aponta que o auxílio emergencial e algumas medidas do Governo para minimizar os impactos da crise na economia não foram suficientes para melhorar a avaliação sobre a renda. O item Renda Atual apontou queda mensal de 21,7% e atinge os 74,1 pontos.

Para o economista, o efeito negativo sobre as intenções de compra é “natural”, uma vez que há insegurança no emprego e avaliação que o nível de renda está muito abaixo em relação a 2019.

Os itens Nível de Consumo Atual (51,7 pontos) e Perspectiva de Consumo (61,5 pontos) registraram retração de 20,2% e 22,9%, respectivamente. São 53% dos consumidores de Salvador que dizem que estão consumindo menos do que há um ano.

O item Acesso a Crédito que caiu 13,5% ao passar de 105 pontos para 90,8 pontos, entre os meses de maio e junho. Apesar da queda, Dietze afirma que é o item com a melhor avaliação do ICF no mês. “Como mostrou a PEIC, as famílias ainda estão conseguindo utilizar o cartão de crédito para realizar as suas compras essenciais e isso pode ser um dos motivos desta sensação de que há ainda uma relativa facilidade de crédito para compras a prazo”, explica.

“As famílias que mais sofrem neste momento são as que ganham menos. São essas que, geralmente, não possuem investimentos para poder amenizar os impactos da crise sobre o orçamento doméstico”, destaca Guilherme Dietze, pois o índice de intenção de consumo para as famílias com renda de até 10 salários mínimos atingiu, em junho, 62,6 pontos, queda de 24% na comparação com maio. Ao mesmo tempo em que o ICF para o grupo com renda mais elevada registrou 86,3 pontos, recuo mensal de 23%.

O resultado geral é negativo, porém não mostra surpresa para os economistas diante da atual conjuntura. A restrição de gastos já está tendo um efeito danoso sobre as vendas do comércio, especialmente neste mês de junho. “O cenário para o curto e médio prazo ainda é incerto, daí a importância do suporte dos governos com os recursos emergenciais e das famílias reduzirem ao máximo os gastos supérfluos para manter de alguma forma equilibrado o orçamento doméstico e conseguir, pelo menos, garantir o consumo mínimo do dia a dia”, orienta o consultor econômico da Fecomércio-BA.