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ICF | OUTUBRO 2025

ICF, Pesquisas
7 de novembro de 2025

CONFIANÇA DO CONSUMIDOR DE SALVADOR SEGUE PRESSIONADA E CAI 0,8% EM OUTUBRO, APONTA FECOMÉRCIO BA

A última alta do ICF foi no mês de fevereiro. Cenário é mais desafiador para as famílias de renda mais baixa.

O Índice de Intenção de Consumo das Famílias (ICF), elaborado mensalmente pela Fecomércio BA, registrou leve queda de 0,8% em outubro na comparação com o mês anterior, alcançando 104,1 pontos — o menor nível desde março de 2023. No comparativo anual, a retração foi mais acentuada, de 5,5%, ante os 110,2 pontos observados em outubro de 2024.

A redução mensal foi puxada principalmente pelo grupo de famílias com renda de até 10 salários mínimos, que apresentou recuo de 1,2%, passando de 101,9 pontos em setembro para 100,7 pontos em outubro. Esse resultado coloca o grupo na chamada área de indiferença, em que há equilíbrio entre percepções positivas e negativas sobre as condições econômicas.

Vale lembrar que o ICF varia de 0 a 200 pontos, sendo que resultados entre 100 e 200 indicam otimismo e abaixo de 100, pessimismo.

Já entre as famílias com renda superior a 10 SM, o índice seguiu tendência oposta, com alta de 2,3%, atingindo 140,7 pontos — o maior nível desde abril deste ano.

A manutenção da taxa de juros em patamar elevado tem contribuído para o aumento da inadimplência na região, especialmente entre as famílias de menor renda, o que pressiona as condições econômicas e afeta o consumo. Um dos itens com maior queda no comparativo mensal foi o nível de consumo atual, que recuou 2,1%, chegando a 90,8 pontos. Isso indica que mais famílias estão consumindo menos do que há um ano, possivelmente em razão do peso das dívidas vencidas e em atraso.

No médio prazo, o índice de perspectiva de consumo também apresentou retração, mas de forma mais moderada, com queda de 0,3%, para 112,2 pontos.

Esse cenário mais delicado das finanças familiares impacta a percepção de segurança no emprego. O item emprego atual registrou queda de 1%, enquanto o item perspectiva profissional recuou 1,5%, alcançando, respectivamente, 125,4 e 127,3 pontos. Apesar de permanecerem entre os indicadores mais bem avaliados pelas famílias soteropolitanas, esses itens vêm apresentando quedas consecutivas nos últimos meses. Mesmo com o mercado de trabalho aquecido, o aumento da incerteza quanto à quitação de dívidas reforça a sensação de insegurança entre os trabalhadores.

O item momento para duráveis teve a maior queda no mês, de 4%, ao passar de 64,9 pontos em setembro para 62,3 pontos em outubro. As taxas de juros elevadas e a dificuldade em assumir novos compromissos financeiros de longo prazo dificultam a compra de bens de maior valor, como geladeiras, fogões e computadores.

Por outro lado, o item acesso a crédito apresentou avanço de 1,9%, chegando a 95,2 pontos, enquanto o item renda atual teve leve alta de 0,3%, praticamente estável. Apesar do cenário de juros altos, ainda há relativa facilidade na obtenção de crédito, favorecida pelo mercado de trabalho mais dinâmico.

A inflação mais baixa na região de Salvador tem oferecido algum alívio às famílias, permitindo uma recomposição gradual das finanças. No entanto, o processo de melhora tende a ser lento, pois é necessário, antes de tudo, quitar dívidas em atraso para só então restabelecer a confiança nas condições econômicas. Assim, para este final de ano, a confiança das famílias segue pressionada e com pouca oscilação, sem sinais de recuperação rápida no curto prazo

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